segunda-feira, 11 de março de 2013

Educação financeira para crianças


Por Clínica Plenamente - Alessandra de Camargo Costa e Maria Alice Fontes

Compra pai? Eu quero, mãe! O dinheiro é algo indispensável, um meio de troca, utilizado para comprar coisas, bens, contratar serviços. Desde cedo as crianças começam a entender que é preciso dinheiro para se conseguir brinquedos, doces gostosos, jogos e coisas do seu interesse. Os pais que conseguirem tratar este tema de forma equilibrada, ajudarão os pequenos a estabelecer uma relação harmônica com o universo de suas próprias finanças. O cofrinho para os pequenos, histórias infantis como a da cigarra e da formiga, jogos como banco imobiliário são formas de introduzir conceitos de economia, planejamento e lucro de forma natural e lúdica.
 
De onde “brota” o dinheiro, mamãe?
É importante que as crianças compreendam como são gerados os recursos financeiros da família. Pode ser explicado como cada membro consegue a remuneração por seu trabalho. Ao mostrar que trabalhamos e depois recebemos uma compensação financeira, ajudamos os pequenos a entenderem que existe uma dinâmica de geração de recursos, além de um tempo natural de espera entre a ação e a recompensa. Ensinamos que nem tudo se consegue imediatamente e que qualquer pessoa precisa “trabalhar” para depois aproveitar as recompensas. 

Comprar por necessidade X Comprar por desejo
É fundamental discriminar para a criança que existe uma diferença entre comprar o que necessitamos, e comprar o que queremos ou desejamos ter. Numa ida ao supermercado, por exemplo, é possível exemplificar que existem os produtos que estão inclusos na lista e precisam ser comprados; outros artigos simplesmente desejamos levar pra casa, mas não são necessários e por isso não estavam na lista.
 
Mesada: sim ou não?
Muitos pais se questionam se a mesada é uma boa opção e qual é o melhor momento para que seja introduzida. Segundo a educadora Cássia DA’quino, autora do livro “Educar para o consumo”, a mesada é apenas um entre inúmeros instrumentos de educação financeira. Se aplicada adequadamente oferece inúmeros benefícios como:

  • Oportunidade para que a criança comece a se organizar com seu micro orçamento e aprenda precocemente a administrar suas finanças no futuro;
  •  Espaço de exercício para as primeiras escolhas financeiras; Possibilidade de conseguir poupar, postergar um ganho para aquisição de algo melhor no futuro;
Com quantos anos a criança pode começar a receber mesada? Qual o valor adequado para cada idade?
A partir dos seis anos de idade já é possível estabelecer uma quantia semanal como um real por ano de vida. Desta forma, uma criança de 6 anos poderá ganhar R$ 6,00 (seis reais) por semana. A semanada é mais adequada até aproximadamente os 11 anos já que um mês de espera é um tempo razoavelmente extenso para que o menor consiga administrar e processar tantas informações. Os pais devem tentar se organizar para ter a quantia exata todas as semanas, sem esquecer-se do previamente acertado. A partir da adolescência, com as saídas mais frequentes, namoros prováveis, esse valor pode ser ajustado em cada família de acordo com as peculiaridades de cada jovem e sua respectiva condição social.

Quais as precauções os pais devem tomar para que essa prática surta o efeito desejado?
A primeira precaução é não associar a mesada a um bom desempenho escolar ou usá-la exclusivamente como benefício ou punição. O filho deve estudar, se envolver em tarefas domésticas e compreender a importância destas atividades na sua formação, evitando a associar as obrigações simples de uma criança com as recompensas em dinheiro. A mesada tem outro fim - aprender a controlar, poupar, administrar as próprias finanças desde cedo. Porém, em alguns casos ela pode ser suspendida, principalmente se a criança apresentar um comportamento indesejado como quebrar objetos, brinquedos de forma inconsequente. Uma sugestão, por exemplo, seria usar o dinheiro da mesada para consertar o estrago que foi por ela causado.

Outra cuidado que deve ser tomado é o de associar momentos de encontro familiares sempre com o consumo. Atualmente, a convivência de pais e filhos muitas vezes coincidem apenas com momentos de consumo. Quando passam momentos em família, costumam ir ao shopping e comprar coisas para casa, para si e para os filhos. O consumismo exagerado e desnecessário confundem os filhos ao incentivar o “ter” como forma de status, acima do “ser” e transmitindo este valor de forma indireta, mesmo que digam o contrário.
Casais separados precisam ter muita disciplina e boa comunicação. Entrar emconsenso quanto ao valor a ser dado e a forma como o assunto será tratado em cada ambiente diferente é fundamental para um bom aprendizado do consumo consciente.

Qual é a principal função da mesada?
É importante que os pais possam, de fato, dar a oportunidade para que a criança ou adolescente faça suas escolhas financeiras. Através do exercício de acertos e erros, o jovem adulto deve ser incentivado a tomar decisões saudáveis com o seu dinheiro. Desta forma, aos poucos perceberá o valor de poupar e de selecionar prioridades na hora de gastar. Esta é uma das principais funções de mesada, aprender através dos acertos e também dos equívocos , exercitando as escolhas sem muita interferência dos pais sobre a melhor maneira de gastar o dinheiro. Diante de tantas tentações e constantes apelações da mídia, os pequenos estarão lidando também com o controle de seus próprios impulsos. 

Resumindo, a educação financeira é de suma importância no processo educacional de forma global, deve ser levada a sério não só pelos pais, mas pelas autoridades e pela escola que conjuntamente podem contribuir de forma satisfatória para que este cidadão independentemente de sua situação sócio-econômica possa agir conscientemente com o dinheiro tem. 

Fontes Bibliográficas:
D'AQUINO CASSIA, MALDONADO, MARIA TEREZA. EDUCAR PARA O CONSUMO - COMO LIDAR COM OS DESEJOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. PAPIRUS 7 MARES. 2012.






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