Por Clínica Plenamente - Alessandra de Camargo Costa e Maria Alice Fontes
Compra pai? Eu quero, mãe! O dinheiro é algo indispensável, um meio de troca, utilizado para comprar coisas, bens, contratar serviços. Desde cedo as crianças começam a entender que é preciso dinheiro para se conseguir brinquedos, doces gostosos, jogos e coisas do seu interesse. Os pais que conseguirem tratar este tema de forma equilibrada, ajudarão os pequenos a estabelecer uma relação harmônica com o universo de suas próprias finanças. O cofrinho para os pequenos, histórias infantis como a da cigarra e da formiga, jogos como banco imobiliário são formas de introduzir conceitos de economia, planejamento e lucro de forma natural e lúdica.
De onde “brota” o dinheiro, mamãe?
É importante que as crianças compreendam como são
gerados os recursos financeiros da família. Pode ser explicado como cada
membro consegue a remuneração por seu trabalho. Ao mostrar que
trabalhamos e depois recebemos uma compensação financeira, ajudamos os
pequenos a entenderem que existe uma dinâmica de geração de recursos,
além de um tempo natural de espera entre a ação e a recompensa.
Ensinamos que nem tudo se consegue imediatamente e que qualquer pessoa
precisa “trabalhar” para depois aproveitar as recompensas.
Comprar por necessidade X Comprar por desejo
É fundamental
discriminar para a criança que existe uma diferença entre comprar o que
necessitamos, e comprar o que queremos ou desejamos ter. Numa ida ao
supermercado, por exemplo, é possível exemplificar que existem os
produtos que estão inclusos na lista e precisam ser comprados; outros
artigos simplesmente desejamos levar pra casa, mas não são necessários e
por isso não estavam na lista.
Mesada: sim ou não?
Muitos pais se
questionam se a mesada é uma boa opção e qual é o melhor momento para
que seja introduzida. Segundo a educadora Cássia DA’quino, autora do
livro “Educar para o consumo”, a mesada é apenas um entre inúmeros
instrumentos de educação financeira. Se aplicada adequadamente oferece
inúmeros benefícios como:
- Oportunidade para que a criança comece a se organizar com seu micro orçamento e aprenda precocemente a administrar suas finanças no futuro;
- Espaço de exercício para as primeiras escolhas financeiras; Possibilidade de conseguir poupar, postergar um ganho para aquisição de algo melhor no futuro;
Com quantos anos a criança pode começar a receber mesada? Qual o valor adequado para cada idade?
A partir dos seis anos
de idade já é possível estabelecer uma quantia semanal como um real por
ano de vida. Desta forma, uma criança de 6 anos poderá ganhar R$ 6,00
(seis reais) por semana. A semanada é mais adequada até aproximadamente
os 11 anos já que um mês de espera é um tempo razoavelmente extenso para
que o menor consiga administrar e processar tantas informações. Os pais
devem tentar se organizar para ter a quantia exata todas as semanas,
sem esquecer-se do previamente acertado. A partir da adolescência, com
as saídas mais frequentes, namoros prováveis, esse valor pode ser
ajustado em cada família de acordo com as peculiaridades de cada jovem e
sua respectiva condição social.
Quais as precauções os pais devem tomar para que essa prática surta o efeito desejado?
A primeira precaução é
não associar a mesada a um bom desempenho escolar ou usá-la
exclusivamente como benefício ou punição. O filho deve estudar, se
envolver em tarefas domésticas e compreender a importância destas
atividades na sua formação, evitando a associar as obrigações simples de
uma criança com as recompensas em dinheiro. A mesada tem outro fim -
aprender a controlar, poupar, administrar as próprias finanças desde
cedo. Porém, em alguns casos ela pode ser suspendida, principalmente se a
criança apresentar um comportamento indesejado como quebrar objetos,
brinquedos de forma inconsequente. Uma sugestão, por exemplo, seria usar
o dinheiro da mesada para consertar o estrago que foi por ela causado.
Outra cuidado que deve
ser tomado é o de associar momentos de encontro familiares sempre com o
consumo. Atualmente, a convivência de pais e filhos muitas vezes
coincidem apenas com momentos de consumo. Quando passam momentos em
família, costumam ir ao shopping e comprar coisas para casa, para si e
para os filhos. O consumismo exagerado e desnecessário confundem os
filhos ao incentivar o “ter” como forma de status, acima do “ser” e
transmitindo este valor de forma indireta, mesmo que digam o contrário.
Casais
separados precisam ter muita disciplina e boa comunicação. Entrar
emconsenso quanto ao valor a ser dado e a forma como o assunto será
tratado em cada ambiente diferente é fundamental para um bom aprendizado
do consumo consciente.
Qual é a principal função da mesada?
Qual é a principal função da mesada?
É
importante que os pais possam, de fato, dar a oportunidade para que a
criança ou adolescente faça suas escolhas financeiras. Através do
exercício de acertos e erros, o jovem adulto deve ser incentivado a
tomar decisões saudáveis com o seu dinheiro. Desta forma, aos poucos
perceberá o valor de poupar e de selecionar prioridades na hora de
gastar. Esta é uma das principais funções de mesada, aprender através
dos acertos e também dos equívocos , exercitando as escolhas sem muita
interferência dos pais sobre a melhor maneira de gastar o dinheiro.
Diante de tantas tentações e constantes apelações da mídia, os
pequenos estarão lidando também com o controle de seus próprios
impulsos.
Resumindo, a educação
financeira é de suma importância no processo educacional de forma
global, deve ser levada a sério não só pelos pais, mas pelas autoridades
e pela escola que conjuntamente podem contribuir de forma satisfatória
para que este cidadão independentemente de sua situação sócio-econômica
possa agir conscientemente com o dinheiro tem.
Fontes Bibliográficas:
D'AQUINO CASSIA, MALDONADO, MARIA TEREZA. EDUCAR PARA O CONSUMO - COMO LIDAR COM OS DESEJOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. PAPIRUS 7 MARES. 2012.
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