segunda-feira, 10 de junho de 2013

De olho no movimento


Por Fernanda Nogueira - Educadora Infantil

Estamos vivendo um tempo onde as mães assumem função tripla – trabalho, casa, filhos, se culpam e se cobram demasiadamante a perfeição, afinal tem que matar um leão por dia no trabalho, cuidar da casa (que não é pouca coisa) e dar atenção ao filhos e às atividades escolares deles. Não sobra tempo pra mais nada, eu sei, eu sei...e se morar em São Paulo, ainda passa hoooooras parada no trânsito L.
Mas como educadora, gostaria de contar às mamães que tem um aspecto bem importante a ser observado em seus pequenos, se ligue nos movimentos! Quando bebê, peça ao pediatra que faça exames de reflexo (muitos só medem, pesam e tchau!), os médicos sabem quem em cada etapa, mês a mês o bebê deve ter desenvolvido diferentes aptidões  e observar caso haja atraso.Depois, maiorzinhos, indico algo bem eficiente para que seu filho explore e desenvolva seu corpo, atividades de vida diária: vestir-se, calçar-se, abotoar, puxar zíper, encaixar objetos, girar tampas para abrir, abrir embalagens... sei que demanda muito tempo e como a vida tá corrida e qualquer minutinho “perdido” faz diferença, acaba que os adultos já logo resolvem isso e as crianças perdem a oportunidade de fazerem muito exercício físico e mental. Siiimmmm, mental! 

Pense que uma criança está com as conexões cerebrais em formação, e como bem podem perceber ao ver seu filho tentando se vestir, não é uma atividade assim tãaaao fácil, rs, exige coordenação, esquema e imagem corporal, noção de espaço-tempo, equilibração, tonicidade, lateralização e até criação de estratégia, caso esteja vestindo o braço no lugar da cabeça ou vice e versa hehe. Então, para eles nada é pouco, tudo é experiência e desenvolvimento! Como os finais de semana costumam ser mais tranquilos, instituam a rotina do “se vira” nesses dias, assim os pequenos ganharão prática com essas atividades e logo estarão agilizando os cuidados pessoais e facilitando sua vida.
Nas primeiras vezes, faça com eles os movimentos. Não por eles, observar é bacana, mas sentir os movimentos tem outro significado!

Uma criança que aos 6,7 anos tem problemas com a leitura e escrita pode sofrer de causas funcionais como: 

- atrasos ou dificuldades de linguagem (sei que muito fofo criança trocando letras, mas após os 4 anos já é hora de procurar fono, lembre-se, quanto mais cedo, mais fácil e mais rápido o tratamento),
- problemas essencialmente psicomotores (relacionados a ação, movimentos),
- déficits de função simbólica (dislexia, disortografia... mencionei num post anterior, procure sempre uma equipe multiprofissional pra auxiliar, é mais eficaz),
- aspectos sócio-culturais.

Então como prevenção e também para proporcionar aos seus filhos diversão, auto-confiança e autonomia, deixem-nos realizar atividades das quais eles são capazes. Para chegar a um equilibrio cognitivo, afetivo e motor, o cérebro vai se equipando de todos os estímulos (dados tônicos, tácteis, auditivos, visuais, gustativos...) à sua volta, o corpo se envolve nessas sensações e experimentações. Isso proporciona uma maturação cerebelosa.

“A criança que não se movimenta, não experimenta.
Não experimentando, não incorpora.
Não incorporando, não simboliza.
Não simbolizando, não aprende.”  (Galvani, 2005)

 
Escala de desenvolvimento fino - Koontz
1 ano e 6 meses – rabisco espontâneo, rabisco circulares (gizão e lápis grossos são os mais apropriados),
1 ano e 9 meses – Encaixe (peças grandes), vira página, dobra papel, desembrulha,
2 anos e 3 meses – Desenrosca (adoram abrir garrafas, abrir é mais fácil do que fechar),
2 anos e 6 meses – Segura o lápis, desfaz laços,
3 anos – Enfiagem, empilhagem, segura a tesoura (segura, mas não exija recorte),
3 anos e 6 meses – encaixe de cubos menores,
4 anos – Enfia sapatos, amarra sapatos, movimentos de alinhavo, abotoa pequenos botões.

Um comentário:

  1. Poxa muito legal Fer! Acho que muitas mães deveriam ler isso, vou indicar ;-)

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