terça-feira, 27 de agosto de 2013

Fala Garoto!


Por Fernanda Nogueira - Educadora Infantil

Este ano, tenho em minha sala uma anjinha azul (cor designada para representar o autismo) que está mudando minha vida e meu modo de ver o mundo. Que aliás não é nada fácil para os pais do autista e nem para os educadores, pois de verdade não fomos devidamente preparados para lidar com a síndrome, pouco se conhece ou se fala do assunto. Resolvi procurar cursos onde eu pudesse me aprimorar (específico não encontrei nenhum...)  e a aula passada foi tão legal que decidi compartilhar com vocês!
 
A professora é uma super fonoaudióloga aqui de SP e tenho certeza que vocês vão aproveitar tanto ou mais do que eu!
 
Pra começar, as meninas são mais precoces do que os meninos no geral sim. Biológicamente falando, por isso elas começam a falar e tudo mais antes dos meninos (na maioria das vezes), a partir dos 9 meses já começa aquela linguagem foooooofa de bebê e até os 2 anos é esperado que a criança já esteja se comunicando com palavras conhecidas, nada muito elaborado, não se preocupe se não houver ainda frases super estruturadas, mas a crianças já possui um vocabulário para solicitar e comunicar coisas que deseja.
 
Até quando a criança pode fazer trocas fonêmicas sem atrasos ou prejuísos futuros? Próximo aos 5 anos, depois disso é bom fazer uma visita à fono pra avaliação, lembrem-se que nossas crianças estão começando no processo de alafabetização com 6 anos e a gente escreve como fala, sacou?
 
Como você em casa pode auxiliar de forma tranquila, sem cobranças: permita ao seu filho adquirir consciência fonológica (compreender os sons e a forma correta de pronunciar uma palavra). Não precisa falar com a criança de modo formal ou pouco carinhoso, aquelas vozes engraçadas que todos fazem pra criança e bicho não é prejudicial, mas se você fala pra ele “voxe qué mamadelinha?  dá um pexinho na mamãe (beijinho), pega seu binqueidinho...e por aí vai”, você não está ajudando! Não mesmo!
 
Converse com o bebê, desde beeeeem pequenino, muita mãe se queixa da demora do filho pra falar mas em casa ninguém dirige a palavra ao bebê. Não importa que ele não fala, ele escuta e está começando a compreender, estímulo é tudo! Peça isso pra quem fica com seu filho o dia todo (babá, vó, tia...).
 
Reforce os sons das letras na sua fala, mesmo que a criança ainda não seja capaz de reproduzir e ainda cometa trocas. As trocas mais comuns: P e B, F e V, T e D, S e Z, C e G e X e J. O R no meio da palavra (bra, tra, cra...) é o mais difícil e muitas vezes o último a ser adquirido.
Outra coisa que ajuda muito é introduzir alimentos mais sólidos que necessitem ser mastigados (consulte o pediatra qual a melhor idade para isso), mas tem mãe que fica com “dó” do esforço da criança e “facilita” batendo tudo no liquidificador ou amassando a comidinha, aí a criança baba por mais tempo e não fortalece a musculatura facial, essencial para a fala!
 
Quando a criança falar errado, não corrija repetindo o erro dela, dê apenas o exemplo correto, se a criança disser “eu vi na tevelisão” não precisa corrigir enfatizando que ela falou errado tipo “não é tevelisão, é TE LE VI SÃO...” pois isso com o tempo desestimula a criança e ela se sente inferiorizada, diga apenas “ah, você viu na TE LE VI SÃO...”, com o modelo certo ela vai ouvir o correto, entender que falou errado e talvez ela apenas AINDA não consiga pronunciar assim, mas adquiriu a consciência do certo. As crianças são muuuuuuuito mais espertas do as pessoas imaginam.
 
Opa, outra muito boa, não facilite a vida deles! As mães se gabam por entenderem seus filhos só pelo olhar, mas isso pode torná-los preguiçosos (na questão da fala!), pra quê se esforçar e aprender a falar se os adultos fazem tudo que ele quer só com um apontar de dedo, uma expressão facial e um grunhidinho¿ Entenderam o motivo de pouco depois de entrar na escola eles já logo apenderem a falar? Os amiguinhos não os entendem, eles PRECISAM se agilizar pra conseguir o que querem, então surge a fala! Estimule que use seus recursos vocais, peça que repitam a palavra, a partir de um ano já dá pra brincar assim. É estímulo, não imposição ou condição, tá?
 
Fique atenta à respiração de seu filho, se ele respira pela boca (dormindo é o melhor jeito de observar, se ronca então... mas não vale em dias de gripe e coriza) procure um otorrino para saber se tem algo o  impedindo de respirar pelo nariz. Respiradores bucais tem mais problemas de infecção de garganta, muito mais cáries nos dentes (a boca seca tira a proteção e as cáries fazem a festa), maior probabilidade de utilizar a língua (músculo suuuper forte) de forma errada e prejudicar os dentes e até formação ósseo-facial. Essa eu posso falar de cadeira, e o meu era respiração errada apenas, nunca tive nada, mas só vi isso depois dos 17, ou seja, me ferrei porque correção da minha mordida agora só com cirurgia, se tivesse visto isso aos 7 a fono e o ortodontista teriam resolvido!
 
Mas minha mamis tá desculpada porque 16 anos atrás não tinha tanta informação disponível e ela procurou médicos sim, mas os ruins rsrs. Mas vocês já estão ligadas!

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